Há
relações amorosas que se esgotam ou, mesmo sem atingirem o «ponto final», os
elementos do casal deixam de percecionar motivos fortes para a continuidade do
seu relacionamento. É um forte impacto para o bem-estar individual, a curto
prazo, pelo sofrimento que causa (na maior parte dos desfechos que põe fim à
relação a dois), pelo aumento do stress, pela maior vulnerabilidade ao
surgimento de desordens psicológicas, pela diminuição da satisfação com a vida,
entre outras variadíssimas razões. Perante esta situação, as pessoas tentam
reencontrar-se com o mundo e com as pessoas que foram sendo deixadas num
segundo plano da sua vida (não raras vezes, tal aconteceu por exigência ou
manipulação de um dos sujeitos do casal, aquando a vivência do relacionamento a
dois, numa espécie de contrato de
exclusividade, sem direito de opção). Todavia, ao mesmo tempo que pensam em
«refazer a vida» (sozinhas e/ou com mais alguém, a ritmos necessariamente
diferentes), há casos preocupantes em que reina o isolamento, a tristeza, os
medos, a desmotivação, a autoculpabilização, a falta de esperança, a descrença num
futuro feliz, entre tantos outros «fantasmas» que assolam a mente. Mesmo com o
apoio dos(as) amigos(as) e da família, incentivando a «olhar para a frente», o
peso do relacionamento que findou deixou grandes marcas e não permite que a mudança
aconteça (a um ritmo razoável). Para além da procura de um profissional para
ajudá-lo(a), se sentir essa necessidade, o que deve fazer?
Algumas
dicas para esta nova etapa:
-
Se tiver que chorar, chore! Se tiver que
gritar, grite! Se tiver que atirar algum objeto (não muito perigoso) para o
chão, faça-o! Aceite as emoções e os sentimentos que percorrem o seu corpo e a
sua mente, tal e qual elas vêm. Há pessoas que vão pensar ou chamá-lo(a) de
louco(a), de frágil, ou até dizer ou pensar «eu já sabia que ia dar nisto!» (e,
nalguns casos, culpabilizando-o(a) pelo desfecho). Aprenda a conviver com estes
comentários e com os «não comentários», que se espelham num não verbal que
parece que vem com legendas. A felicidade
constrói-se no espaço que damos à livre expressão das nossas emoções.
-
Pense nos vários «espaços» que a sua
vida tem (por exemplo, sociais, desportivos e culturais), procurando fazer
uma análise do que está vivo e de boa saúde e do que está desaparecido (há
muito ou pouco tempo) ou muito mal cuidado. Há bastante trabalho pela frente?
Ótimo! Comece a trabalhar! Invista em tudo aquilo que deixou na «gaveta do
esquecimento» ou da «falta de tempo». Há muita vida dentro de nós, mas também
há muita para além dela. A felicidade constrói-se
nos diferentes contextos e atividades individuais e grupais em que nos
envolvemos.
-
Procure evidências das suas excelentes
capacidades, evitando, por exemplo, a autoculpabilização (sobre tudo e mais
alguma coisa), a descrença nas suas qualidades, a falta de esperança em novos
projetos e a perceção de uma impossibilidade de voltar a ser feliz consigo próprio(a)
e/ou com mais alguém (ou a ser verdadeiramente feliz com alguém). A felicidade constrói-se com a valorização de
nós próprios.
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Saia de casa, conheça novas pessoas,
conviva com colegas/amigos(as) de outros tempos, quebre rotinas, altere planos
à última da hora para integrar programas ainda mais interessantes, evite
desmarcar-se de tudo (com antecedência ou à última hora – ou seja, elimine as
desculpas e os refúgios). Atenção! Tenha
sempre em mente o objetivo de se divertir e não a obsessão de encontrar o
príncipe ou a princesa encantada na primeira esquina. A felicidade constrói-se na relação com os(as) nossos(as) amigos(as) e
com as outras pessoas que passam por nós, mesmo que pontualmente.
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Alimente realidades e não ilusões.
Trace metas e objetivos concretizáveis e que gerem satisfação, não deixando de
sonhar. Aprenda com o passado, altere o presente e nutra o futuro com o melhor
de si. A felicidade constrói-se com a
capacidade de sonharmos realisticamente, em que podemos voar com a mente e com
o corpo.
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Não use a idade como ponto de referência
para encurtar o caminho da felicidade. O importante é viver momentos
felizes no dia-a-dia, pensando claramente numa estabilidade a médio e longo prazo
(que está longe de significar «viver feliz a toda a hora e a todo o momento»,
porque a oscilação da satisfação com a vida é a realidade no quotidiano de
todos nós – sem esta oscilação como poderíamos melhorar a nossa qualidade de
vida e o nosso bem-estar?). Se pensar bem, independentemente da idade que tem,
nunca sabe onde está o «fim da linha», por isso qual a razão de pensarmos que
«já não vamos a tempo» ou que o «tempo está a andar contra nós»? A felicidade constrói-se quando valorizamos
a vida no seu todo e a todo o momento, e não somente em determinados períodos
ou épocas (por exemplo, só quando somos mais novos).
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Não gaste energias a procurar a «pessoa
certa». O certo e o errado são conceitos bastante subjetivos,
principalmente no que se refere aos relacionamentos amorosos, pela quantidade
enormíssima de variáveis que influenciam a nossa vivência com a outra pessoa e
pela interferência de imensos fatores na avaliação que fazemos da outra pessoa
e da relação. Encontre-se a si próprio(a) e descubra, livremente, os novos
mundos que vão presenteando a sua vida. Não esteja à procura na nova pessoa que
entre na sua vida de uma atualização do(a) seu/sua «ex» (como uma atualização
de software no âmbito tecnológico),
em que exige dela as qualidades do(a) «ex» e o acrescento de novas, nem queira incutir
ao novo elemento a missão principal ou exclusiva de colmatar as suas
necessidades (daí a importância de, antes de partirmos para um novo
relacionamento, darmos a oportunidade a nós próprios de nos encontrarmos). Lembre-se
também que se iniciar um novo relacionamento não significa que está a assumir
uma vida a dois para sempre, ou seja, pode percecioná-la como séria e duradoura,
mas se erraram nesse passo, há sempre forma de corrigirem e não encare como um «destino
enfadonho». A felicidade constrói-se com
autoconhecimento e a abertura ao outro, no respeito pela sua diferença.
-
Não se entupa de frases positivas que
não sejam o reflexo das suas ações futuras (a curto prazo). A função delas
é de mover para a ação. Se não se move para o concreto, corre o risco de ficar
frustrado(a) por não ver resultados. A transformação pessoal, a mudança de
comportamentos, é lenta e gradual, pelo que opte por dar um passo de cada vez.
O desafio é mudar a atitude e o comportamento. A felicidade constrói-se com pensamentos ajustados aos atos.
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Apaixone-se (novamente) pela vida.
Olhe ao espelho e veja o brilho da sua singularidade. Não há ninguém igual a
si, pelo que a sua beleza é única. Agarre-se a isso e se alguém se quiser
juntar e admirá-lo(a) por um período mais longo... A felicidade constrói-se com a consciência da nossa diferença e no
respeito e admiração pela mesma, deixando aberta uma janela para alguém que
queira partilhar connosco o amor que sente por ele(a) mesmo(a) e por nós, esperando,
com toda a certeza, uma reciprocidade amorosa.
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