terça-feira, 11 de junho de 2013

A musicalidade da vida




Eu gostaria que cada árvore fosse uma nota musical.
Eu gostaria que cada folha fosse uma melodia.
Eu gostaria que cada estrada fosse uma melopeia.
Eu gostaria que cada palavra fosse dada no timbre certo.
Eu gostaria que todas as colunas entoassem compassadamente.
Eu gostaria que o sol nos desse tons harmónicos.
Eu gostaria que «lá» fosse sempre antes do «si».
Eu gostaria que cada livro fosse uma pauta musical.
Eu gostaria que cada som pronunciado pela natureza fosse um cântico.
Eu gostaria que os telefones fossem rádios móveis.
Eu gostaria que as casas fossem conservatórios.
Eu gostaria que os carros fossem discotecas ambulantes.
Eu gostaria que a natureza morta ressuscitasse com pequenos toques.
Eu gostaria que cada criança fosse o começo de novos estilos musicais.
Eu gostaria que cada ausência fosse a esperança de uma nova canção.
Eu gostaria que o vento fosse um bailar harmonioso.
Eu gostaria que as cores simbolizassem a tradição dançante.
Eu gostaria que as leis fossem a plataforma para a criação de múltiplos concertos.
Eu gostaria que as «raças» fossem mesas de mistura.
Eu gostaria que as armas fossem somente um som modernizado.
Eu gostaria que as mortes fossem peças musicais teatralizadas.

Tudo seria tão belo se todas as pessoas fossem a sonoridade da nossa vida, com o seu olhar ritmado, com a sua fala cantada, com a sua beleza interior esculpida ao compasso da perfeição e com o amor pelo próximo a soar ao ritmo do coração.


Este momento escrito é uma reformulação e readaptação de uma poesia que criei em junho de 2006 para uma pessoa muito especial. A imagem utilizada é parte integrante de um trabalho artístico realizado pela ilustradora Alice Ninni e pelo músico Matteo Negrin.

2 comentários:

  1. Eu gostaria k não parasses de cantar para nós! :)

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  2. :) Obrigado pelo gesto (escrito) de ternura. É uma fonte de inspiração que dá para eu não parar de cantar, mesmo que a voz me doa.:)

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