segunda-feira, 14 de julho de 2014

A quantidade certa de amor é...




«Gostará ele de mim tanto quanto eu gosto dele?»
«Gostará ela de mim tanto quanto a Julieta gosta do João?»
 «Quanto amor será ele capaz de me dar?»
«Serei capaz de lhe dar tanto amor quanto ela me dá a mim?»  

Há pessoas que ambicionam adquirir um medidor de amor para que possam comparar o que cada um sente pelo outro. Qual a percentagem, qual o peso, qual a medida, qual a quantidade, ou outra expressão qualquer que simbolize algo quantificável e comparável. Haverá uma medida certa de amor que ditará a satisfação na relação amorosa? Será importante haver igualdade na dose de amor? Existirá algum meio fiável dessa medição? Acredito que nada disto é pertinente para equacionar numa relação amorosa.
Se refletirmos por uns instantes, conseguiremos concluir que os indivíduos são todos diferentes entre si, as relações são todas diferentes nas suas múltiplas combinações e, para «dificultar» ainda mais, a própria relação oscila por fora e por dentro ao longo do(s) tempo(s) (quer por fatores internos, quer por fatores externos). Por isto, parece-me evidente que não é minimamente razoável andarmos a medir o amor do nosso companheiro ou da nossa companheira e compará-lo com o nosso e com o dos outros. Considero mais enriquecedor o trabalho sobre as nossas ações na construção da (identidade da) relação, ou seja, o nosso foco de ação deve incidir nas experiências que vivemos, no significado que damos a elas, nas conquistas efetuadas, nas perdas, nos erros, nos excessos, na euforia, nos medos, entre outras situações típicas de vivências interpessoais. Devemos viver a relação, sentir o outro, desejá-lo e amá-lo com a nossa expressão do amor que é única e especial (nem menor, nem maior que a do outro, apenas diferente). Desta forma respeitaremos o outro, a relação e estaremos mais abertos para aceitar e valorizar o(s) amor(es) na nossa vida. Também começaremos a viver mais perto da realidade e mais distantes da ilusão (ou das ilusões), sem comprometermos o imaginário individual e comum (eventualmente, até o potenciamos). É um investimento na qualidade da relação, ao invés de uma aposta, tendencialmente frustradora, em aspetos quantitativos da mesma (muitas vezes irreais e destruidores de um bom desenvolvimento do relacionamento em causa).
Em jeito de síntese: a quantidade certa de amor é sempre aquela que está viva nos momentos presentes do dia-a-dia de um relacionamento amoroso, sem nunca esquecer o trabalho diário e árduo da construção de um relacionamento deste tipo e evitando alimentar obsessões provenientes de modelos societais demasiado detalhistas, rígidos, absolutistas, parecendo provirem do campo da ficção. Para mim, a quantidade certa de amor é a sua, desde que aja quotidianamente em prol do bem-estar da relação amorosa, respeitando e aceitando o outro, a si próprio e ainda o respeito e aceitação de um desenvolvimento saudável da relação amorosa que se quer empolgadamente dinâmica (num ritmo dançante entre dois enamorados). Simplificando a mensagem: sejamos mais flexíveis e tolerantes no «mar do amor» (que não deve ser confundido com alheamento dos objetivos comuns, sentimentos, pensamentos e emoções da relação e falta de exigência para consigo próprio, para com o parceiro e para com a relação) para que a satisfação não seja utópica e a frustração seja apenas ocasional.
   
Nota: Diferente é colocar a seguinte questão: «Será que ele/ela ainda me ama e quer continuar a construir comigo a nossa relação amorosa?».

Sem comentários:

Enviar um comentário