sábado, 23 de abril de 2016

A viagem pelo mundo das pessoas. Um desafio interminável.



A diferença fascina-me. Especialmente hoje. Olhei à minha volta e encantei-me com as pessoas. Podia apreciar, mas decidi admirar.

Violeta. Um gorro na cabeça e uns headphones a ornamentar. Cabelos loiros, 20 anos, unhas pintadas de cinzento e um telemóvel na mão. Não consigo perceber o que está a fazer. O seu ar neutro, ensonado ou concentrado, não me dá respostas. Minutos antes, lembro-me de vê-la pegar numa carteira com florzinhas brancas e fundo preto. De lá retirou um pequeno papel. Não o abriu. Segurou-o firmemente. Será uma morada? Uma carta de amor? Seja lá o que for, sinto que o seu dia terá muita cor.

A Rosa, aparentemente de meia-idade, com olhar despreocupado, vivaz, bem acordada, disse em tom afirmativo: «Os homens são todos iguais! Alguma vez seriam capazes de oferecer um chá à sua mulher, sabendo que ela estava mal? Nem reparam em tudo aquilo que lhes fazemos…». Disse tudo isto com um ar alegre. Essa alegria (e liberdade exterior) não me permite aceder ao seu estado de espírito. Certo é que as suas amigas, ou colegas de viagem, concordam com os seus dizeres e riem-se muito. Concordam com ela ou questionar-se-ão do mesmo que eu? A Rosa será alegre por dentro? Quero que as amigas continuem a alegrar a Rosa.

A Júlia, que está fechada no seu mundo secreto, com um olhar misterioso, albergando uns 23 anos, apenas se foca nos seus pensamentos. Não está triste, nem preocupada. Está com pressa. Vai sair disparada, que nem uma bala. Será o seu ritmo normal? Sinto que está preocupada. Cabelo longo, liso, preto, muito bem penteado, brilhante. Estará ela com vontade de se apaixonar? Será ela tímida ou apenas misteriosa? Deixa-me inquieto... Desejo-lhe um bom dia.

Sérgio, um metro e oitenta e nove, «boa onda». Hoje está pensativo e inquieto. Masca uma chiclete, ouve uma música através do seu telemóvel, com headphones brancos, lê mensagens e navega pelas redes sociais. Pousa a sua mochila preta na cadeira ao lado, indiferente ao ambiente, despreocupado com os pensamentos dos outros, não olhando uma única vez para as pessoas. Parece ser seguro de si. Levantou a cabeça, cruzou o olhar com uma pessoa sua conhecida e esboçou um sorriso… O dia vai correr bem!

Diogo (ou Dioguinho). Curioso. Sempre de pé, apesar de toda a gente estar sentada. Camisa azul e branca, t-shirt azul como cobertura parcial da camisa, capuz, espírito aventureiro. Afinal, segundo a articulação labial da mãe, é Tiago. Nada se altera do que foi dito. Acrescento, porém, que vê na mãe um porto seguro. Se avistasse o seu futuro, diria que a sua determinação vai levá-lo longe, tão distante quanto os seus sonhos.

Nádia, 28 anos (ou mais do que isso bem conservados), está indiferente ao julgamento dos outros. Convicta da sua forma de estar, das suas ideias, do seu poder. No vestuário o preto lidera, mas um roxo discreto conjuga na perfeição. Não larga o telemóvel e, de vez em quando, esboça um gesto de contentamento. O seu olhar espelha o rumo certo da sua vida. Eu também acredito.

Carlos, 190 centímetros, foi absorvido pelo livro que carrega. Palavras seguras, nas linhas transparentes, penetram no olhar deste homem de 48 anos. Óculos pendurados na camisa de ganga, guarda-chuva a pesar o antebraço, calças de ganga, sapatos castanhos (com cordões) e um casaco com muitos bolsos – talvez para guardar todas aquelas palavras d’O Cavaleiro Sueco. Corajoso, aventureiro, segue viagem com uma passada confiante, rumo à vitória nas novas batalhas da vida.

“Olha só quem está aqui! Bom dia, Joana! Estás com um olhar diferente hoje. Diria que mais brilhante, mais intenso… Só de olhar para ti o meu dia ficou mais belo! Desejo-te um dia maravilhosamente encantador.”…           

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